Bússola dos Tempos・221

Bússola dos Tempos・221

Criar o foco e o ímã

Keiko Takahashi


Pressão interna resistente à pressão externa

Um verão escaldante. Como os leitores têm passado este verão, que tem sido marcado por dias extremamente quentes em todo o Japão? Nos dias de muito calor, quando apenas caminhar ao ar livre por pouco tempo pode causar esmorecimento, gostaria que tomassem precauções diligentes para se manter em boas condições físicas.

Nos dias como esses, gostaríamos de caminhar com passos e com olhar adiante ainda mais firmes em nossas vidas. Para tanto, é preciso ter uma firme consciência disso. Se existe uma pressão externa que nos oprime, precisamos de uma pressão interna correspondente capaz rechaçar e não sermos derrotados.

Este mês, gostaria que considerassem a criação de uma pressão interna que supere a pressão externa.  

Os choques e as pressões que vêm de fora não cessam diante de nós que vivemos a realidade do Nindo1. Golpes inesperados não são incomuns.

E mesmo que possamos caminhar blindados contra as pressões externas, isso não nos permite viver a vida que aspiramos. Se estamos apenas respondendo às demandas diárias que vêm de fora, não alcançamos ainda o essencial das nossas vidas.

Quando sentimos que estamos vivendo cada dia com a vitalidade, a força de vontade e a aspiração que transbordam do nosso interior, teremos então uma sensação mais forte de estarmos vivendo neste mundo.

Manter o foco e o ímã

Isso é nos proporcionado pela aspiração e pelo propósito. É o foco a partir do qual extraímos nossa própria energia interior. Quando não temos esse foco para viver, teremos grande dificuldade de extrair a nossa energia interior. 

Precisamente por termos um alvo, podemos naturalmente extrair forças para conseguir alcança-lo. Em outras palavras, aspirações e propósitos são indispensáveis se quisermos realmente gerir nossas vidas. 

Se temos uma aspiração ou um propósito, então, podemos concentrar nossa energia interior para esse foco?

Como sabemos, algumas pessoas podem, outras não. Isso é um fato.

Porque para canalizar a energia interior em um foco de aspiração ou propósito, precisamos de um ímã na mente capaz de direcionar a energia de forma continuada para esse foco. Alternativamente podemos dizer que precisamos de uma lente da mente através da qual podemos coletar energia.

Não importa quão magnífica seja a nossa aspiração, para torná-lo realidade, precisamos manter nossa energia interior focada na realização dessa aspiração.

Quando formos capazes de estruturar um ímã na mente que pode ser chamado de vontade sustentável, uma força central, um eixo que continuamente lança energia em direção a um foco e que não se abala ou desencoraja por fracassos ou situações difíceis, experimentaremos a verdadeira satisfação da vida.

Concentrar a força que possuímos

Quando a nossa realidade não é da forma que desejamos, tendemos a desistir, acreditando que nos faltam talentos ou competências. Rapidamente concluimos que “não cumprimos com a aspiração ou propósito por falta de algo em nós”.

Todavia, as pessoas que realmente superam os obstáculos são aquelas capazes de focar e direcionar a energia continuadamente no propósito, mais do que por serem abençoadas com muitos talentos.

Antes de lamentar a falta de talento ou competência ou a falta de qualquer coisa que não temos, devemos continuar a empenhar todos os esforços e energia no foco estabelecido.

Isso é compatível ao dar continuidade ao “agir” inserindo “o podemos agir mas não agimos” dentro do “círculo de execução” mencionado no Capítulo 7 do livro As Duas Portas. Isso significa que devemos nos concentrar em fazer pleno uso do que temos, antes de lamentar o que não temos.

E quando conseguimos concentrar e aproveitar ao máximo o poder que temos podemos, de fato, cristalizar muitas coisas.

Notas do editor:

1. Nindo

As coisas raramente são conduzidas como desejamos, e a realidade está sempre repleta de provações e injustiças. “Utilizei a nomenclatura budista para descrever que este mundo é o Nindo, o fato de que este mundo não é o paraíso.” No ideograma japonês Nindo significa literalmente um lugar onde se vive com uma lâmina sobre a mente, um lugar onde temos que suportar. Viver no Nindo significa que devemos aceitar o que é doloroso e insuportável.
(Extraído página 58 do livro A Razão Pela Qual Você Nasceu, versão original em japonês)