Bússola dos Tempos・236

Bússola dos Tempos・236

Viver o “Eu” inexplorado

Keiko Takahashi


Em um mundo de transformações

Tudo está em processo de mudança. Este fato significa que é inevitável encontrarmos diversas dificuldades.

Antigamente vivíamos de certa forma um tanto fechados, limitados a certas áreas. Mas hoje, o mundo inteiro está conectado e se influencia mutuamente. Dentro dessa interação, os problemas surgem constantemente.

Por exemplo, a China condenou o Japão e incitou seus próprios cidadãos a criar um problema real em relação ao descarte de água tratada pela usina nuclear de Fukushima Daiichi no mar. Mesmo quando a organização internacional com conhecimento especializado havia declarado que estava seguro, a China ignorou essa declaração e criou atritos, quase como se quisesse fazer acusações falsas. A existência de apenas um país como esse significa que problemas que não podem ser resolvidos facilmente surgirão no mundo real, emergirão cidadãos menos favorecidos e será necessário investir muita energia para lidar com a questão.

O Japão está cercado por vários países vizinhos que são o ponto focal de problemas semelhantes, e diante de tais relações, novos problemas continuam a surgir.

Obviamente esses não são os únicos problemas. Declínio populacional, queda da taxa de natalidade e problemas educacionais como o declínio do desempenho acadêmico estão lançando uma sombra escura sobre o futuro do Japão. No momento, nenhuma dessas questões tem indicação clara do caminho a ser seguido.

Além disso, a evolução da inteligência artificial (IA) está se acelerando e espera-se que a Singularidade1 chegue daqui a dois anos. Estima-se que as ocupações intelectuais de colarinho branco2 passem por mudanças radicais. Nessas condições, ser e viver como ser humano será questionado a partir do alicerce.

Embora, apenas de relance, podemos ver que temos que enfrentar muitos desafios adiante.

A vida começa onde a sabedoria e a força da alma estão inexploradas

Em suma, nós, que temos que enfrentar realidades árduas e difíceis do mundo externo, precisamos exercitar a sabedoria e a força internas para podermos lidar com elas. Isso significa que cada um de nós deve desencadear a verdadeira sabedoria e força que possui.

Como mencionado antes, vivemos nossas vidas como seres de alma. Quando a alma nasce no mundo de fenômenos, ela se une ao corpo físico, dá origem à mente e a jornada chamada vida se inicia centrada nessa mente. Nesse momento, a alma é soterrada no corpo. Isso significa que a natureza da alma, a sabedoria e a força que a alma possui ficam encobertos.

E sob as condições de vida que chamamos de Três Correntes de Influência3 moldamos o Eu. As condições chamadas de Três Correntes de Influência acabam definindo os nossos próprios limites.

Há um ponto importante a ser destacado aqui. É que a sabedoria e a força da alma, como mencionado anteriormente, podem parecer estarem sendo reiniciadas e zeradas, mas elas não desaparecem.

Durante as nossas vidas, gradualmente extraímos, mais uma vez, a sabedoria e a força das nossas almas através da prática do Princípio Divino de transformação simultânea da mente (interior) e da realidade (exterior).

A sabedoria e a força da alma estão profundamente encobertas em nosso âmago. Estão de fato presentes em nosso interior.

Caminhando com o “outro Eu”

Nós, seres humanos, precisamos da sabedoria e da força dessa alma para sobreviver.

A sabedoria e a força da alma vivem profundamente dentro de nós como um “outro Eu”. Sem trazer à tona esse Eu oculto ou Eu desconhecido não sermos capazes de viver o futuro que almejado.

O que precisamos fazer é encontrar o “outro Eu” que, a princípio, nem sentimos que existe, despertar esse Eu desconhecido e caminhar com ele.

O primeiro passo absolutamente necessário para isso é acreditar na existência do Eu oculto, o “outro Eu”.

Existe um Eu recôndito que você ainda não conhece. Existe um “outro Eu” que possui a sabedoria acumulada ao longo de muitas experiências de vidas e é dotado da resiliência e da força para nunca desistir dos desafios, por mais difícil que seja.

Gostaria que você acreditasse nisso e enfrentasse desafios seguidos de desafios. Faltam dois meses para o fim do ano de 2023, e espero que continuem acumulando os passos nessa direção.

Notas do editor:

1. Singularidade

Singularidade geralmente se refere a singularidade tecnológica na qual o desempenho da inteligência artificial (IA) excede a inteligência humana.

2. Colarinho-branco

O termo colarinho-branco refere-se a ocupações que usam camisas com colarinho branco, ou seja, ocupações intelectuais e técnicas, trabalho de escritório e vendas.

3. Três Correntes de Influência

Onde quer que nos encontremos, seja na comunidade, no local de trabalho ou no setor profissional, existem pressupostos, senso comum, valores e modos de vida tácitos. Ao viver nesse ambiente, essa atmosfera será absorvida profundamente de forma gradual e inconsciente. Vim denominando como as Três Correntes de Influência (linhagem, lugar e era) visto que os mesmos fluem na vida de todos os seres humanos. A corrente da linhagem refere-se aos valores e modos de vida que fluem dos pais e dos membros da família. A corrente do lugar trata dos costumes e pressupostos disseminados pela comunidade e pelo setor profissional. E a corrente da era concerne ao conhecimento e os valores que afluem da época e da sociedade. (Extraído do livro Como Fazer Da Sua Vida A Melhor, página 76, versão original em japonês)