Bússola dos Tempos・237

Bússola dos Tempos・237

Promover o Bodaishin

Keiko Takahashi


Concluindo o ano de 2023

Falta apenas um mês para 2023. Como teria sido esse ano que passou para você? Muitos podem estar se sentindo: “Finalmente conseguimos sair da pandemia da Covid-19 que durou três anos”.

Outros podem estar se sentindo arrependidos pensando: “Não consegui fazer o que precisava ter feito este ano. Poderia ter me esforçado um pouco mais”. Espero que, até o fim do ano, você possa continuar tomando medidas para aliviar esse arrependimento, mesmo que seja só um pouco.

Nesta ocasião, ao fazer a retrospectiva do progresso do ano, talvez alguns podem estar pensando no Cartão do Princípio Divino1. No Encontro de Ano Novo2 do início do ano calendário, cada participante recebe um cartão grafado com as palavras de um dos Doze Bodaishin3. Os Doze Bodaishin são representados pelo: Coração da Lua, Coração de Fogo, Coração de Céu, Coração de Montanha, Coração de Espiga de Arroz, Coração de Fonte, Coração de Rio, Coração de Terra, Coração de Kannon, Coração de Vento, Coração de Mar e Coração do Sol e um deles é confiado a você.

Não consideramos que a mensagem do Cartão tenha chegado por acaso, mas sim nos perguntamos: “Qual é o chamado4?” e tentamos compreender a sua necessidade, razão e significado. Isso significa que se tornará um desafio recorrente ao longo do ano.

Qual foi o “Bodaishin” do “Cartão do Princípio Divino” que você recebeu no início do ano? O que esse “Bodaishin” significou para a sua trajetória deste ano? Acredito que a oportunidade de receber o “Cartão do Princípio Divino” e voltar nossas mentes para o “Bodaishin” tem um significado muito maior do que podemos imaginar.

A mente e a consciência influenciam o potencial interior

Nós, seres humanos, somos existências com grande responsabilidade e potencial.

Existe um mundo infinitamente vasto fora de nós. O fato é que, mesmo se considerarmos a região em que vivemos, há lugares que ainda não visitamos e pessoas que ainda não encontramos.

Em outras palavras, não seria exagero dizer que, a vastidão do mundo exterior, o universo exterior, é infinita para cada um de nós.

Todavia, não é apenas o mundo exterior que é infinitamente vasto. Nosso mundo interior, nosso universo interior, que se estende dentro de nós é tão vasto quanto o mundo exterior.

A estrutura da nossa consciência, com base na psicologia, consiste primeiramente em uma consciência superficial – aquela sobre a qual normalmente pensamos e falamos, que é chamada de consciência do ego ou consciência normal – e abaixo dela está o inconsciente pessoal. Esse inconsciente pessoal inclui não apenas a consciência reprimida, mas também memórias esquecidas e memórias de experiências de uma vida inteira.

Bem abaixo delas está o inconsciente coletivo, que também contém um tesouro de informações, produto do conhecimento e da sabedoria humana que transcende a história e a etnicidade. Além disso, o universo interior ainda inclui a consciência transcendental e espiritual que os integra. O universo interior, o mundo interior, também acomoda uma imensidão infinita.

Mas não é possível acessar este vasto universo interior, a “alma”, diretamente. Não podemos mobilizar a própria “alma” como desejamos.

A chave para acionar o poder da “alma” está em nossa “mente” = consciência. Podemos acionar o universo interior através da nossa “mente”. E podemos trazer à tona o poder da “alma” que ressoa com a “mente”. Dependendo da nossa “mente” podemos criar uma realidade outrora inatingível.

Promover o Bodaishin

O tipo da “mente” é que determina a nossa força interior. Através da nossa “mente” trazemos à tona uma força interior que pode ser da luz ou das trevas.

E é por isso que, para nós, é muito importante “promover o Bodaishin” como um modo de vida.

O Bodaishin, em poucas palavras, refere-se à “mente que está disposta a se preterir e se empenha em contribuir em prol de uma realidade melhor para as pessoas e para o mundo”. A frequência da “mente” que tenta dedicar o melhor para a situação à sua frente, mesmo colocando a si mesma em segundo plano, faz manifestar a força interior da “alma”.

Não posso deixar de desejar que você possa desfrutar de preciosos momentos no final do ano e no início do novo ano com isso em mente.

Notas do editor:

1. Cartão do Princípio Divino

Cada Cartão do Princípio Divino é consagrado pela oração da Takahashi Sensei e contém as palavras de um dos Doze Bodaishin (a mente que busca o verdadeiro Eu, ama o próximo e contribui para a harmonia do mundo). Todos os participantes recebem o cartão no Encontro de Ano Novo, realizado no início do ano, e o mesmo torna-se uma importante diretriz ao longo daquele ano.

2. Encontro de Ano Novo

No encontro realizado em janeiro, todos os anos, a Takahashi Sensei ministra uma palestra oferecendo diretrizes para o novo ano que se inicia. Nessa ocasião os participantes recebem o “Cartão do Princípio Divino”. Este encontro é um dos seis encontros sagrados no decorrer de um ano que a GLA preza.

3. Bodaishin

Originalmente a palavra tem origem no Budismo que indica “Bodai = a mente que busca a iluminação”. (…) Acolhendo essa essência, gostaria de definir Bodaishin de forma mais ampla como “a mente que busca o verdadeiro Eu, ama o próximo e contribui para a harmonia do mundo”. Bodaishin é uma mente que não apenas se esforça para crescer e se aperfeiçoar, mas, mais do que isso, é aquela que busca transcender a si mesma, assiste os outros e dedica-se para o bem do todo.  (…) Os grandes problemas do nosso tempo – tais como o aquecimento global, a pobreza mundial e as disparidades sociais – não podem ser verdadeiramente resolvidos sem o Bodaishin. Essa mente é essencial para que nossas vidas e o mundo resplandeçam verdadeiramente. Isso é senão o Bodaishin. (Extraído do livro “Os Doze Bodaishin: O modo de vida que a alma reluz em todo esplendor”)

4. Chamado

Cada encontro ou acontecimento não nos ocorre “por acaso ou acidentalmente”. Eles chegam até nós por necessidade, por algum motivo e possuem um significado. Quando evocamos essa sensibilidade da alma e colocamos o centro de gravidade na alma, somos capazes de aceitar até mesmo situações aparentemente negativas, questionando: “Qual é o chamado que este encontro ou este acontecimento está me trazendo?” E assim, conseguimos dar um passo de um novo modo de vida indagando: “Qual seria a minha transformação necessária?” (Extraído do livro Reconquistando a Própria Vida)