Bússola dos Tempos・217

Transformando a si mesmo

Keiko Takahashi

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Vivendo na era da inconstância e das provações

Enquanto o Japão inteiro estava envolvido com a pandemia da variante Ômicron da Covid-19, as pessoas ficaram surpresas quando a invasão unilateral da Rússia a Ucrânia se tornou realidade. Isso porque, embora houvesse burburinhos preocupantes de uma invasão militar desde o ano passado, por um momento a visão predominante entre os especialistas era de que “não deve haver invasão, pois existem diversos fatores inibidores”.

Percebemos que existem países nesse planeta que repetidamente invadem outros, ainda que não estejam sendo diretamente prejudicados ou atacados, e esse fato talvez fez nos perceber, mais uma vez, que o Japão está cercado por países que têm essa potencialidade.

Depois da Segunda Guerra Mundial, por valorizar demasiadamente o idealismo da constituição de paz que refletiu as intenções das forças de ocupação, em certo sentido, não se poderia dizer que a difícil realidade do mundo está sendo confrontado por um povo que perdera a perspectiva realista?

Por mais pacíficas que sejam as tentativas de engajamento em conversações, se a outra parte tiver uma arrogância e intransigência que só podem ser descritas como as de um estado vilão, não serão suficientes para um acordo. Para desencorajar os ultrajes da outra parte, não são poucos os que sentiram que a defesa nacional deve ser provida pelo seu próprio país.

Nosso país tem sido circundado por muitos desastres, mas a realidade que a humanidade cria não tem sido menos devastadora. Nesse sentido, não há realidade que possa ilustrar melhor o fato de que estamos vivendo em meio a uma “era do impensável”, onde não sabemos o que vai ocorrer e tudo que acontecer não é surpreendente.

A força da transformação própria

Existe uma regra rígida para sobreviver nestes tempos de mudanças e provações. Quando o mundo exterior oscila, o nosso eixo central interior deve estar suficientemente firme. Devemos ter um centro de gravidade inabalável dentro de nós mesmos, capaz de suportar quaisquer flutuações e provações.

Para nós, o centro de gravidade não deixa de ser o Estudo da Alma¹, a perspectiva do Princípio Divino, uma visão do ser humano e o mundo que percebe o homem como alma e a convicção baseada nessa compreensão e prática.

Para nós, o mundo exterior é sempre o Nindo, o local onde devemos nos sujeitar, como se mantivéssemos uma lâmina afiada sobre nossas mentes, e a premissa é que ferimos e somos feridos. Com essa consciência como premissa básica, devemos enfrentar a realidade do mundo.

No entanto, a realidade de um mundo tão difícil é sempre um Caos também. Caos é um estado caótico ainda sem forma nem delineamento nem resultado. É um estado em que há uma mistura de luz e trevas, possibilidades e restrições. E a situação oculta um Projeto Ideal que deve ser executado. Questionar, descortinar, organizar o In-En e executar esse Projeto Ideal. Esse é o melhor caminho que podemos trilhar, a Trajetória Áurea³, e não existe outra melhor maneira de viver.

Com este olhar fortalecido e nossas aspirações elevadas, devemos enfrentar a pressão exógena.

O modo de vida que devemos buscar não é o nosso próprio modo, o modo de vida a que estamos acostumados. Existe um modo de vida que permite acessar o Projeto Ideal que está oculto na realidade diante de nós neste momento.

Se conseguirmos descortinar o Projeto Ideal, não hesitaremos em fazer escolhas. Estaremos dispostos a nos transformar para conseguir executar. De fato, em muitos casos, precisaremos mudar. Trilharemos o melhor caminho mudando a nós mesmos. A maior força para a sobrevivência neste mundo difícil é aquela que vem da nossa própria transformação. Todos nós abrigamos esse poder.

Exercitar a faculdade humana

Os dinossauros, que outrora se gabaram da sua força invencível, pereceram porque não conseguiram lidar com as mudanças ambientais que surgiram rapidamente. Os resultados das pesquisas sobre o processo de evolução da vida indicam o fato de que aqueles que podem se transformar em resposta ao mundo são os que estarão no auge da evolução.

Em outras palavras, transformar a si mesmo em resposta às flutuações é uma faculdade humana. E não se trata apenas de mudar. Trata-se da transformação de si mesmo em direção ao Projeto Ideal.