Bússola dos Tempos・233

Bússola dos Tempos・233

Manter-se fiel à essência

Keiko Takahashi


Surgimento de obstáculos é sinal de ação

Na edição do mês passado, abordamos a importância de “agir”. Desde então, durante um mês, quantos de vocês estiveram conscientes renovadamente sobre “agir” e deram um novo passo em direção à ação?

Alguns de vocês podem ter realmente tomado uma atitude em relação a algo que apenas pensavam, mas não agiam, ou algo que esperavam tentar algum dia. Nesse caso, essa ação foi um passo significativo na vida. E, depois, quais foram os resultados?

É da natureza humana querer que as coisas corram bem. Mas, em muitos casos, as coisas raramente acontecem de forma tranquila, pois surgem obstáculos inesperados ou paredes se interpõem no caminho. Assim que começamos a tomar medidas concretas, surgem problemas e enfrentamos dificuldades. Mas essa é uma realidade que surge somente porque agimos.

Confrontar as Três Correntes de Influência exógenas

Quando enfrentamos empecilhos e obstáculos, podemos dizer que é quando tentamos manifestar o que queremos para o mundo exterior, quando projetamos nossa energia interior para fora.

Se o mundo exterior fosse igual ao nosso mundo interior, não existiriam conflitos nem atritos. Entretanto, há uma grande diferença entre nossos mundos interno e externo.

No nosso mundo exterior encontram-se muitas pessoas. Cada uma dessas pessoas possui as Três Correntes de Influência1 como condições de vida, e possui uma perspectiva de vida baseadas naquelas condições. Além disso, as correntes de influência do “lugar”, e da “era” que provem das regiões e períodos aos quais a mesma pertence, isto é, os valores da região e do ramo atuante, e os valores da época, também são absorvidos.

E, claro, nós também temos valores e modos de vida formados pela aspiração da nossa alma, pelo carma e pelas nossas Três Correntes de Influência.

E essa diferença de valores entre nós e as outras pessoas pode fazer com que os nossos pensamentos não sejam aceitos, sejam mal interpretados, ou fazem com que as coisas fiquem estagnadas, ou causem problemas e impasses.

O contratempo é que, de fato, muitas das vezes perdemos muita energia pelo que acontece no mundo exterior. E pode acontecer de perdermos a compostura e o equilíbrio do nosso mundo interior.

Pense em uma ocasião em que foi rejeitado e ouviu um “não” de alguém que você queria ser reconhecido, ou em uma ocasião em que deu um passo para alcançar algo que desejava sinceramente, mas recebeu um “não” de volta.

Isso nos machuca mais do que podemos imaginar. Isso nos oprime e perturba e, como resultado, podemos perder a nossa autoconfiança e até perder de vista nosso modo de vida. E é por isso que temos um grande “medo” de situações em que um “não” pode ser a resposta.

Manter-se fiel à essência

Nós, seres humanos, não temos controle sobre o mundo fora de nós a bel-prazer. Muitas das realidades do lado exterior estão além do nosso controle. Isso significa que toda vez que desejamos algo ou aspiramos algo, encontraremos momentos de desafios.

As pressões e os golpes causados pelos obstáculos e barreiras que surgem no mundo exterior são uma ameaça constante para nós.

O mais importante, então, é não perder a si próprio pelo que acontece no mundo exterior.

Isso significa manter firmes e inabaláveis a essência de si mesmo, o modo de vida que valorizamos, a aspiração e o ideal que estão no fundo do coração até aquele momento. Significa que devemos concentrar e permanecer fiel à essência. É necessário, acima de tudo, lutar contra o “medo” dentro de nós e superá-lo para manter a nossa essência.

Um dos modos de vida que o Estudo da Alma2 valoriza é ouvir o chamado quando um “não” vem de fora. Isso significa enfrentar a pergunta: “Qual é o chamado que essa situação está trazendo a mim?” e se renovar.

E isso não significa que estamos perdidos. Trata-se de um passo para contemplar mais profundamente o nosso interior e nos tornarmos mais seguros do nossa própria essência e do modo de vida que acreditamos.

Notas do editor

1. Três Correntes de Influência

Onde quer que nos encontremos, seja na comunidade, no local de trabalho ou no setor profissional, existem pressupostos, senso comum, valores e modos de vida tácitos. Ao viver nesse ambiente, essa atmosfera será absorvida profundamente de forma gradual e inconsciente. Vim denominando como as Três Correntes de Influência (linhagem, lugar e era) visto que os mesmos fluem na vida de todos os seres humanos. A corrente da linhagem refere-se aos valores e modos de vida que fluem dos pais e dos membros da família. A corrente do lugar trata dos costumes e pressupostos disseminados pela comunidade e pelo setor profissional. E a corrente da era concerne ao conhecimento e os valores que afluem da época e da sociedade. (Extraído do livro Como Fazer Da Sua Vida A Melhor, p.76, versão original em japonês)

2. Estudo da Alma

O Estudo da Alma trata de uma sistemática de teoria e prática para que o homem possa buscar um modo de viver que une as dimensões visível e invisível. Em contraste com o “estudo dos fenômenos” representado pela ciência que se ocupa com a dimensão tangível, o “Estudo da Alma” abrange a dimensão material bem como uma dimensão que vai além, a dimensão da mente e da alma, de uma forma mais abrangente. Trata-se de um princípio que constatei a partir da minha própria análise em relação aos seres humanos e das observações das trajetórias de vida dos inúmeros indivíduos com quem interagi. Compreende o ser humano através de uma perspectiva total da alma, da mente e da realidade a fim de corresponder a quaisquer tipos de situação. (Extraído do livro Como Fazer Da Sua Vida A Melhor, p.50, versão original em japonês)