Bússola dos Tempos・215

Bússola dos Tempos・215

Enxergar a essência

Keiko Takahashi


O tema dedicado à nova publicação “As Duas Portas”

Este ano também, tenho a satisfação de anunciar a publicação de um novo livro “As Duas Portas: A Escolha Crucial para Viver a Era do Impensável” (título traduzido provisoriamente). Espero que alguns de vocês já tenham conseguido adquirir uma cópia.

Na Bússola dos Tempos deste mês, gostaria de compartilhar alguns dos pensamentos dessa nova publicação.

O título principal e o subtítulo deste novo livro sintetizam os temas abordados no mesmo.

Em primeiro lugar, como enuncia o subtítulo, estamos vivendo uma “era do impensável”.

Há dois anos, o mundo foi lançado em um tumulto sem precedentes pela COVID-19.

No entanto, não apenas no que se refere ao caos que esta doença tenha causado, o mundo em que vivemos é um mundo implacável que produz constantemente esse tipo de realidade imprevisível. Em outras palavras, devemos viver uma “era do impensável”, onde não podemos prever o que irá acontecer. E a escolha decisiva para viver em ditos tempos está incorporada no título principal “As Duas Portas”.

A porta da esquerda nos conduz a um mundo onde vivemos com uma visão materialista do homem e do mundo.

A porta da direita nos conduz a um mundo onde vivemos com uma visão de vida eterna do homem e do mundo.

Detrás da porta da esquerda encontramos um mundo em que compreendemos o ser humano como simples matéria, e por trás da porta da direita deparamos com um mundo em que compreendemos o ser humano como alma.

Qual porta escolhemos em nosso modo de vida, o que selecionamos como visão do ser humano e do mundo, tratam-se de escolhas cruciais que alicerçam todas as escolhas que fazemos todos os dias, e tem um impacto decisivo em tudo o que fazemos.

Naturalmente, este livro o encoraja a escolher o mundo por trás da porta da direita. Em outras palavras, o livro o convida a viver com uma perspectiva humana e de mundo em que se compreende que os seres humanos são dotados de alma.

Até aqui, expomos o conteúdo principal do prólogo ao primeiro capítulo.

As Sete Posturas Mentais: Compreender a essência do ser humano e do mundo

Se decidimos seguir o mundo que se abre por trás da porta da direita, como devemos viver naquele mundo? Os capítulos 2 a 8 indicam as posturas que devemos manter em mente.

Cada um dos títulos, “Conhecer o sentimento original1”, “Buscar o propósito da vida”, “Permitir que outros residam em seu coração”, “Parar de rotular”, “Extrair o tesouro a partir das dificuldades”, “Persistir na ação de praticar”, “Passar para o lado do agente causador” são as sete posturas.

Todos os capítulos acima mencionados não deixam de ser um convite à prática. Cada capítulo integra a narrativa de um real praticante de cada uma daquelas posturas mentais, o que nos incentiva a tomar medidas concretas para colocá-las em prática em nossas vidas.

Essas sete posturas são o segredo para viver no mundo por trás da porta da direita. Elas são as chaves da perspectiva humana e do mundo de que o homem é dotado de vida eterna.

Ao tentarmos viver, todos os dias, com estas posturas em mente, seremos capazes de enxergar o que antes não podíamos.

No mundo detrás da porta da esquerda, os eventos parecem ocorrer de forma aleatória e por acaso, sem qualquer contexto. Os encontros na vida aparentam ser uma sequência de coincidências e acasos. Essa é a forma que o mundo que considera o homem como “matéria” consegue enxergar.

Mas isso trata apenas da camada externa das coisas, uma visão superficial. Ao ficarmos presos à visão materialista, concluiremos qualquer coisa com tais percepções superficiais.

Mas quando adentramos no mundo da porta da direita e seguimos as posturas mentais para viver naquele mundo, conseguimos renovar nossa percepção de mundo e da vida.

Percebemos que os eventos que ocorrem no mundo não são desconexos, mas estão interligados de forma imperceptível. E seremos capazes de aceitar que os encontros que se verificam em nossas vidas não são casuais ou acidentais, mas cada qual tem um sentido e uma inevitabilidade.

Trata-se de poder ver a essência do mundo, da vida e das coisas.

Trata-se de conseguir constatar não apenas a forma, mas a energia ali inserida, de compreender não apenas com o senso comum ou noções convencionais, mas ser capaz de perceber tanto as reais possibilidades como as restrições ali inseridas.

Notas do editor:

1 “Sentimento Original”(Honshin) – “Discurso de Fachada”(Tatemae) – “Reais Intenções” (Honne) O “discurso de fachada” refere-se aos princípios adotados aparentemente, enquanto as “reais intenções” referem-se aos sentimentos reais ocultados por trás do “discurso de fachada”. Muitas vezes o “discurso de fachada” está associada ao “dever” e ao “certo”, e tende a divergir do que realmente sentimos. As “reais intenções” muitas vezes tendem a estar associadas aos nossos próprios sentimentos egoístas ou enviesados. O “sentimento original” nada mais é do que aspiração ou sentimento enraizado nas profundezas do nossa mente, na dimensão da alma. O “sentimento original” é a mente que clama por um novo Eu, a mente que traz à tona uma nova realidade. (Excerto extraído das páginas 66-71 do livro “As Duas Portas”, versão japonês)