Bússola dos Tempos・247

Bússola dos Tempos・247

Aprofundar-se

Keiko Takahashi


Temporada de amadurecimento

O calor do final do verão finalmente diminuiu e o clima se tornou mais parecido com o outono.

Para nós, a estação do outono proporciona um valor particular.

Acima de tudo, esta estação, conhecida como “Outono da Colheita”, é a época em que ocorre a colheita da emblemática cultura japonesa do arroz. O arroz tem o ideograma que simboliza 88 tipos de tarefa dos agricultores para ser cultivada. Não seria exagero dizer que se trata de uma cultura “madura” que se torna realidade após inúmeras horas de esforço.

Em outras palavras, podemos dizer que o “outono” é a estação principal onde o tema é o “amadurecimento”. Vamos refletir sobre a importância da temporada do amadurecimento ao longo das nossas vidas por um momento.

Na verdade, nós, seres humanos, damos grande importância às primeiras impressões e à intuição. A primeira impressão que temos quando conhecemos alguém pela primeira vez tem um enorme impacto nas nossas interações posteriores.

Se tivermos uma primeira impressão positiva de alguém, continuaremos a ter relacionamento positivo com essa pessoa. Por outro lado, se a primeira impressão for ruim, acabamos por prologar um relacionamento negativo com essa pessoa.

O mesmo se aplica à intuição. Somos fortemente influenciados pela direção da nossa primeira intuição que vai além da explicação verbal. Torna-se incrivelmente difícil formular novas impressões que vão além dessa intuição.

Alegria da descoberta

A razão pela qual confiamos tanto nas primeiras impressões e na intuição é provavelmente porque nossos sentidos são mais precisos do que muitos pensam.

É um sentimento que geralmente reflete a soma total de diversas experiências que temos na vida. A sabedoria cultivada através de inúmeras experiências cria essas impressões e intuições.

No entanto, também acontece que as nossas primeiras impressões e intuições são distorcidas por várias convicções equivocadas e preconceitos. Às vezes, elas não funcionam como sensações ou intuições honestas, mas agem como preconceitos rígidos e ideias fixas e, pelo contrário, podem nos distanciar da verdade tal como ela é.

Portanto, ao mesmo tempo que valorizamos as primeiras impressões e a intuição, é ainda mais importante não esquecer de manter o olhar baseado no Princípio Divino de que a realidade é sempre criada e transformada, e que o ser humano continua a evoluir constantemente. E torna-se ainda mais importante aceitar as “camadas de significados” ocultos nas profundezas das coisas e das pessoas, e nos esforçar para viver a cada momento como encontros e experiências únicas na vida.

É realmente admirável quando, no decorrer dessa jornada, experiências e descobertas que vão além das primeiras impressões e da intuição são alcançadas. Aprofundar a nossa compreensão tanto das pessoas como das coisas é inseparável do processo de “maturidade”.

Ao descobrir a singularidade de uma pessoa e as possibilidades e limitações das coisas que não estão aparentes nas impressões externas, estamos, de fato, dando passos em direção à “maturidade”.

Se estamos considerando os passos da nossa alma, que é a essência do ser humano em primeiro lugar, podemos dizer que isto em si trata dos passos para a “maturidade”.

Por meio de várias experiências, todos nós, sem exceção, estamos na jornada de superação das limitações da nossa alma para desenvolver o nosso potencial. Desta forma, os repetidos passos de crescimento e evolução da alma podem ser chamados de passos insubstituíveis da “maturidade da alma”.

Aprofundar-se

Ao trilharmos a jornada da “maturidade”, o passo de “aprofundamento” é de suma importância.

Não tratar nada como algo conhecido ou óbvio, mas abordar com uma nova mentalidade.

Quer se trate de uma situação familiar ou de alguém que você conheça bem, parar e apreciar novamente em vez de seguir da maneira habitual.

Com um nível de concentração sem precedentes, tentar encontrar novos aspectos da realidade que esteja enfrentando…

E assim sucessivamente, gostaria que você assumisse o desafio de ir além maneira como sempre interagiu com as pessoas e as coisas.

Nota do editor

1. Camadas de Significados

Se olharmos para as coisas e nos basear em “impressões” superficiais, só conseguiremos extrair significados superficiais, como bom ou ruim, perda ou ganho, valioso ou não. Isso ocorre porque só podemos perceber a “superfície” das coisas. No entanto, à medida que aprofundamos o nosso estado mental – a nossa dimensão espiritual -, as realidades que seremos capazes de perceber também aumenta em profundidade. Se pudermos ir além das “impressões” e aceitar as coisas com o nosso “genuíno sentimento” (honshin), seremos capazes de ver a “essência” (hontai) das coisas. “Genuíno sentimento” (honshin) refere-se ao verdadeiro sentimento, a verdadeira aspiração oriunda da dimensão da alma, que está além do discurso de fachada e das reais intenções. Quando em contato com esse sentimento, experimentamos o mundo como se um véu estivesse sendo retirado. O mundo de até então se abre, e dali revela-se um novo mundo. A “essência” seriam os fatos tais quais eles são, não obscurecidos por suposições. Seria a realidade que se tornou una com o nosso verdadeiro sentimento e aspiração. E isso não seria tudo. Existe uma maneira ainda mais profunda de perceber as situações. Se pudermos abordar as coisas no nível da “missão individual” (algo que cada um de nós podemos agir e assumir no fluxo da vida no contexto do universo), poderemos nos aproximar da “vontade divina” que nos foi confiada àquela situação. Ou seja, significa que seremos capazes de sentir ali o peso dos vários vínculos e antecedentes que não estão visíveis e de responder à missão a ser cumprida. (Extraído do livro Modo de Vida da Doutrina da Alma)