Bússola dos Tempos・230
Bússola dos Tempos・230
Mobilizar a alma
Keiko Takahashi
O homem vive no fluxo dos tempos
Estamos todos vivendo em meio a uma grande correnteza.
Em qualquer sociedade existem tendências. Pode-se dizer também que se trata de um fluxo em direção à moda e tendência dos tempos e aos valores buscados pela sociedade naquele momento. Podemos dizer que todos nós, não importa quem, vivemos nossas vidas sendo arrastados pela corrente dos tempos, sem perceber.
Na segunda metade da década de 1960, o movimento estudantil se espalhou pelo mundo e a sociedade como um todo foi envolta pela atmosfera da luta de classes marxista, o que acabou influenciando muitas pessoas. Não seria exagero dizer que essa influência perdura até os dias de hoje.
A realidade, porém, é que essa estava longe de ser uma ideologia madura. Pensava-se que os problemas sociais só poderiam ser resolvidos na forma de revoluções e lutas, abrigando imaturidade e incapazes de demonstrar respeito uns aos outros.
De fato, o que impulsionou aquela época foi uma corrente frenética.
Na década de 1980, o termo “engenharia financeira” tornou-se popular, com todos, até mesmo os desavisados comprando ações e imóveis. Surgiu uma tendência em que era tão comum fazer isso que qualquer empresa ou indivíduo que não se envolvesse na “engenharia financeira” era considerado estranho.
Muitas empresas e indivíduos que foram arrastados por essa tendência e se envolveram na engenharia financeira, abandonando suas atividades principais, foram duramente atingidos pelo subsequente colapso da bolha econômica.
Ao vivermos numa certa época, somos inevitavelmente afetados pelas correntes que existem ali. É extremamente difícil nos libertarmos delas.
Mobilizar a alma – Modo de vida que resiste ao fluxo
Viver conforme o fluxo. Obviamente isso não deixa de ser um modo de vida.
No entanto, há coisas que não podem ser percebidas nesse modo de vida. Há coisas que não podem ser vistas ou colocadas em nossas mãos. Há lugares que não podemos alcançar com esse estilo de vida.
Porque, com esse modo de vida, não podemos mobilizar a nossa alma.
Você já sentiu a sua alma se agitando?
Quando sentimos algo de forma tão profunda, todo o corpo parece ficar eletrizado, e quando desejamos algo com mais força do que nunca, a alma se mobiliza.
Nesse momento, você tem uma forte sensação de estar vivo e, de forma indescritível em palavras, compreende o que está destinado a fazer.
Mover a alma é a verdadeira satisfação de viver a vida, e torna-se a chave para concretizar uma vida verdadeiramente insubstituível.
É por isso que devemos nos questionar em quais correntes estamos mergulhados agora e das quais nem estamos conscientes.
E, às vezes, precisamos ousar ir contra a corrente. Por vezes, isso é necessário. Mesmo que todos estejam caminhando de forma semelhante, seguir um caminho diferente.
Mesmo que o senso comum do mundo nos encoraje um modo de vida, optar por um modo de vida diferente. Não nos é possível fazer isso simplesmente vivendo a vida conforme a correnteza.
Acreditar em si mesmo e dar o primeiro passo
Veja por si mesmo, não pela reputação da sociedade. Mesmo que as pessoas ao redor digam “está bem assim”, dê um passo adiante e siga além por si mesmo. Deixe de lado as formas habituais de fazer as coisas e busque um novo modo de vida. Escolha o que o seu eu mais profundo realmente sente e o que ressoa em sua alma.
Viver uma vida que agita a alma começa com a crença em si mesmo.
Acreditar em si mesmo significa acreditar no potencial que está adormecido dentro de si mesmo.
Podemos mudar porque acreditamos. Gostaria que acreditasse em si mesmo e esteja preparado para extrair as forças adormecidas que precisam se manifestar.
Neste mês, a GLA iniciará os Seminários por Faixa Etária1.
Durante três dias, distante da rotina diária, circundado pela natureza exuberante de Yatsugatake, será possível focar nesse aprendizado. É uma grande oportunidade de romper as barreiras invisíveis que cobrem a nossa vida diária e mobilizar nossas almas.
É hora de tomar as rédeas da própria vida, afastando-nos das grandes correntes que estão se apoderando das nossas vidas sem que percebamos.
Notas do editor:
1. Seminários por faixa etária
Assim como as quatro estações da primavera, verão, outono e inverno da natureza são insubstituíveis, as estações que compõem a vida – infância, adolescência, idade madura, e idade senil – todas elas irradiam uma luz preciosa incomparável. Nascemos no mundo de fenômenos (este mundo) através do “portal do nascimento”, desfrutamos das estações da vida, e retornamos ao mundo das origens (o outro mundo) através do “portal da morte”, e nascemos neste mundo novamente quando se cumpre o tempo. Trata-se de uma nova perspectiva de vida – visão cíclica da vida – que não pode ser compreendida a partir da visão linear da vida que começa no nascimento e termina na morte. Os seminários por faixa etária são seminários onde podemos aprender a arte de viver em cada uma destas estações da vida. Mais especificamente, realizamos: o Seminário Seinenjuku (maio) dedicado aos jovens; o Seminário Conjunto Frontier College e Escola de Enfermagem da Mente (maio) dedicado aos adultos na linha de frente da sociedade; o Seminário Hoshin (maio) dedicado à geração senil; e o Seminário Kakehashi (julho – agosto) dedicado às crianças e pais.