Bússola dos Tempos・259
Bússola dos Tempos・259
Acumular os passos
Keiko Takahashi
Tempo de maturação – viver o outono
Nos últimos anos, os verões escaldantes têm se prolongado, com o calor intenso persistindo até mesmo em setembro. É somente em outubro que finalmente começamos a sentir e apreciar os sinais do outono, a terceira das quatro estações.
O outono do apetite, dos esportes, da leitura, dos passeios, das artes e, ainda, o outono da colheita… A estação do outono vem sempre acompanhada de diversas expressões qualificativas.
Neste clima mais confortável, podemos apreciar profundamente as bênçãos da natureza, movimentar o corpo e sentir a vitalidade da vida. Nas longas noites de outono, voltamo-nos para refletir sobre nós mesmos enquanto mergulhamos na leitura. Além disso, ao visitar lugares inéditos, temos novas experiências e descobrimos, entre as diferenças das coisas, aquele que nelas há de essencial e comum. Podemos descobrir uma nova relação com o mundo por meio da arte… É certo que a natureza e as atividades humanas produzem diversos frutos durante a estação do outono.
O fato da estação do outono ser descrita de tantas maneiras não seria justamente porque ela nos inspira a viver de forma mais profunda?
Um modo de vida profundo pode ser expresso como maturidade. É através desta estação que o ser humano é conduzido para a dimensão da maturidade.
Não é por acaso que nós, que vivemos as quatro estações da vida, nos deparamos com o tema da maturidade na estação do envelhecimento. A estação do outono contém inerentemente a essência da maturidade.
A maturidade, seja qual for o seu aspecto, nasce como resultado do acúmulo de passos. Mesmo dentro do período limitado de um ano, o outono é um momento para confrontar o aprofundamento desses passos…
Neste mês, gostaria de convidá-los a refletir sobre a maturidade que está contida em nossa própria caminhada.
Do acúmulo constante dos passos ocorre o salto
Ao nos dedicarmos a qualquer coisa, o que serve de alicerce são os passos dados, um a um. É acumulando pequenos passos que alcançamos os objetivos. Isso pode ser considerado o princípio fundamental do nosso modo de vida.
Quaisquer que sejam as nossas aspirações, elas podem não se realizar imediatamente. Damos pequenos passos em direção a nossas aspirações e, finalmente, as alcançamos.
Tanto na vida como no trabalho, quando definimos um grande objetivo, é importante aplicar o Método da Divisão1 , estabelecer metas intermediárias ao longo do caminho e, então trabalhar para alcançá-las dando pequenos passos, um após o outro.
Ao fazer isso, dia após dia, sem descuidar, acumulando passos com todo empenho, conseguimos realizar muitos das nossas aspirações e alcançar muitos objetivos.
Mas mesmo dando pequenos passos, um após o outro, nem sempre podemos realizar todas as aspirações e alcançar todas as metas. Por mais que haja muito esforço, existem aspirações que não são facilmente realizadas. Existem objetivos que não conseguimos alcançar mesmo quando se luta sem descanso. Essa é a dureza e a dificuldade do mundo real.
Essa não seria a dificuldade maior enfrentada por tantas pessoas que, ao longo da vida, acalentaram aspirações sinceras e acumularam esforços para a realização das mesmas, estabelecendo metas?
Isso significa então que, além do acúmulo de esforços, é necessário um salto maior.
O importante é que esse salto também é proveniente do acúmulo dos esforços diários e sinceros e da soma das pequenas iniciativas.
À medida que acumulamos passos diários, chega um momento em que ocorre um salto que transcende a dimensão de até então.
Uma das chaves está na energia que se acumula dentro de nós quando colocamos a alma e o coração nos esforços diários. À medida que essa energia se acumula, ela induz um estado de excitação (um estado de energia mais elevado), abrindo dimensões até então desconhecidas, como se gerasse novas reações químicas. Pode-se dizer que novas ordens ou estruturas, antes não aparentes se precipitam e se cristalizam.
A essência de realizar aspirações e atingir objetivos reside em tornar essa realidade possível.
Notas do editor
1. Método da Divisão
O método da divisão consiste em separar o processo em etapas necessárias. Por mais longo e distante que o caminho possa parecer, ele pode ser dividido; e, ao dividi-lo, aumentamos consideravelemente a probabilidade da sua realização. (Extraído da revista mensal G., edição de novembro de 2017, Noções Elementares do Estudo da Alma)