
Bússola dos Tempos・258
Bússola dos Tempos・258
Transformar o futuro
Keiko Takahashi
Será que o futuro só existe como uma extensão do presente?
Como você enxerga o seu futuro, o destino do país ou até mesmo o futuro do mundo?
“As pessoas viverão daqui em diante da mesma forma que viveram até agora.”
Creio que estas são palavras que, em algum momento, todos nós deveríamos revisitar em nosso íntimo.
Pois, de fato, as pessoas vivem exatamente de acordo com essas palavras.
Para nós, é algo extremamente natural e “óbvio”, pensar tanto em nosso próprio futuro quanto no futuro do país, apenas como uma extensão do presente.
Pode-se dizer que esta é uma verdade humana que tem se repetido ao longo de muito tempo.
Mas será que é suficiente contentar-nos apenas com isso?
A força da inércia humana, que gera esse “óbvio”, acaba trazendo a cada um de nós, limites muito maiores do que podemos imaginar.
Se só pudermos pensar no futuro como uma simples extensão do presente, isso representa uma perda imensa.
Na verdade, muitos já sabem que tanto o futuro ideal da vida como o futuro ideal da sociedade não estão na simples extensão da linha do presente.
O essencial é compreender que o ser humano possui a capacidade de se libertar da inércia do passado e viver um futuro que não está na extensão do presente, e que transcende a própria imaginação.
O “óbvio” como a causa principal da repetição
Há algo que pode ser chamado de “causa principal” que nos faz repetir o passado.
Todo ser humano, em sua trajetória de vida, acaba nutrindo diversos apegos, preconceitos e ideias fixas.
“Isto é assim mesmo.”
“Homem deve ser deste jeito.”
“No fim, o que importa é dinheiro e poder.”
“Em situações como esta, é assim que se deve agir.”…
Cada pessoa traz dentro de si maneiras de pensar, decidir e agir que, embora quase inconscientes, são tomadas como “óbvias”. E a maioria das pessoas guarda dentro de si uma multiplicidade desses “óbvios”.
E é precisamente por ser tomado como “óbvio” que ele não se transforma, mas se repete… Esse “óbvio” é o que está no cerne da nossa maneira de viver.
Isso está impregnado em nós, de fato, como uma “possessão”. É o que não nos permite viver senão na extensão do passado… E, no centro disso, estão as “possessões” na nossa forma de sentir, pensar e agir.
A “possessão” influencia fortemente a nossa realidade, como se lançasse uma maldição. E chega até a limitar o nosso futuro.
Convido você a refletir uma vez sobre o seu próprio “óbvio”. Será que ele é, de fato, tão óbvio assim? Não terá ali se instalado, sem que se percebesse, algum viés ou distorção? Não é fácil examinar isso, mas uma mente que reconhece que a “possessão” está lá é capaz de fazê-lo.
Transformar o futuro
“Ah, isto era minha ‘possessão’!”
Quando conseguimos pensar assim do fundo do coração, na verdade, o feitiço de aprisionamento da “possessão” já está praticamente desfeito. Só de reconhecer qual “possessão” se abriga dentro de nós, já podemos libertar a mente.
É claro que a força da inércia acumulada até aqui continua existindo.
Se não formos acumulando, um a um, novas formas de sentir, pensar e agir a partir de uma mente liberta, logo seremos tragados novamente pela antiga força da inércia. Mas, ao perseverar com paciência com nova mente e novas condutas, podemos nos libertar da inércia do “óbvio” e, assim, criar, no verdadeiro sentido, um novo modo de viver.
Isto é, sem dúvida, um passo para transformar o futuro.
O nosso futuro não continuará simplesmente na linha da extensão do passado. Ao ficarmos livres das “possessões” que abraçamos sem perceber, podemos ultrapassar essa linha e tornar real o futuro que nos é devido… E assim, seremos capazes de transformar o futuro.