Bússola dos Tempos・251

Criar um eixo inabalável

Keiko Takahashi

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Tempos turbulentos

Já faz um mês que o ano novo de 2025 se iniciou. Como você está começando o ano novo?

Estamos vivendo tempos verdadeiramente turbulentos.

Durante os primórdios da criação dos computadores, na década de 1960, os computadores costumavam ser equipamentos especiais que exigiam muito espaço. No entanto, os computadores pessoais surgiram por volta da década de 1980 e, nos anos 2000, os laptops se tornaram populares entre muitas pessoas em razão do uso profissional. Em 2007, o smartphone (iPhone), um computador que se encaixa na mão, foi lançado e, na década seguinte, tornou-se uma parte indispensável das nossas vidas. Em 2023, a taxa de penetração global de smartphones foi de cerca de 69% e houve aproximadamente 6,7 bilhões de assinaturas.

Mesmo olhando apenas para um único computador, podemos ter uma noção de como as mudanças que estão ocorrendo são drásticas.

E o que temos de aceitar, acima de tudo, é que, em meio a essas grandes transformações, o senso comum, os pressupostos e as formas de ver as coisas na vida estão prestes a mudar drasticamente.

Tempos nos quais é difícil saber o que é verdadeiro

Quando observamos alguns aspectos da sociedade atual, não posso deixar de sentir que existe um grande chamado ecoando ali. Será que um deles não pode ser o fato de não termos mais certeza do que é verdade ou certo?

Por exemplo, muitas pessoas estão começando a sentir que a mídia, que por muito tempo foi a base para pensar e fazer julgamentos, não é mais uma entidade tão confiável.

Isso ocorre porque a mídia não é diferente das empresas comuns que priorizam a própria conveniência e o lucro em detrimento dos fatos e da verdade.

Eles selecionam e transmitem apenas fatos e declarações que estão de acordo com seus próprios interesses, e nem sequer mencionam o que é inconveniente, mesmo que seja verdade. Um dos exemplos mais impressionantes disso pode ser o escândalo da Johnny & Associates¹ do setor de entretenimento japonês, onde a Suprema Corte decidiu em 2004 que havia um problema significativo, mas os principais jornais e emissoras de TV permaneceram em silêncio por mais de 20 anos e continuaram a facilitar o comportamento criminoso.

Outro exemplo é a atitude em relação ao Ministério das Finanças, que tem sido um tópico de discussão acalorado recentemente. Ninguém da mídia questiona o foco único do Ministério das Finanças de aumentar os impostos. Ao invés disso, a mídia apenas regurgita os mesmos argumentos apresentados pelo Ministério. O Ministério das Finanças tem grande parcela de responsabilidade pela estagnação econômica do Japão nos últimos 30 anos, desde o colapso da bolha econômica, mas não há sinais para perseguir esse tópico.

Além disso, quando as primeiras acusações vieram à tona sobre a polêmica questão da província de Hyogo² no ano passado, a mídia, sem nenhuma investigação cumulativa sobre a veracidade das alegações ou tentativa de descobrir a verdade, fez suposições unilaterais sobre a história e repetiu críticas ao governador Saito.

Essa atitude da mídia revela que, a busca da veracidade dos fatos trata-se, na verdade, de palavras em vão, pois estão priorizando a conveniência e os interesses da própria empresa.

É claro que não se trata apenas da mídia. O mundo da política perdeu ainda mais a credibilidade devido ao escândalo dos fundos secretos. Da mesma forma, muitos ministérios do governo, incluindo o Ministério das Finanças, parecem não ter senso de interesse nacional que vai além dos interesses do próprio ministério.

Na província de Hyogo, sob a liderança do ex-governador Ido, os membros da assembleia da província, os servidores da província e a mídia, que deveriam ser independentes uns dos outros, estão conectados por interesses particulares e, ao que tudo indica, problemas semelhantes ocorrem em todo o país.

Será que à medida que esses fatos se tornam mais claros, para muitas pessoas, a sensação de não saber em que acreditar não estaria se intensificando cada vez mais?

Criar um eixo inabalável

Mas é por isso que precisamos desenvolver o “poder da mente” para seguir o caminho que devemos seguir, sem sermos arrastados pela confusa realidade exterior nem desanimados por sua fealdade.

Precisamos criar um centro interior inabalável que nunca perde de vista o que é importante, por mais turbulento que seja o mundo exterior. Esse centro é o que nos dá força em tempos turbulentos para olhar constantemente para o projeto ideal e dedicar nossa vida visando concretizá-lo. É o momento de confrontarmos a nossa própria mente, a nossa força interior.